sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Essa é que é Eça!

Abaixo o crime violento.
Viva o Ladrão Solitário!
Andava o desgraçadinho no gamanço, na horita do almoço. A hora do patrão lá do armazém era sagrada e um tipo quando é cumpridor é cumpridor! Era tão sozinho coitadinho, tão educadinho, até pedia desculpa ao funcinário bancário, e tão pouco ambicioso no que roubava que cativou o público em geral e fez voltar a sonhar a população feminina portuguesa com o, há muito desejado, herói romântico. Quem não desejaria ter um marido que, em vez de, na sua hora de almoço, ir comer à cantina mais próxima ou ir beber umas cervejas com tremoços com os amigos, se sacrificava em ir assaltar um qualquer banco, para oferecer quiça uma nova placa de fogão ou mesmo substituir o micro-ondas que, ultimamente em vez de aquecer estorrica a comidinha.
Desde a candidatura o nosso Primeiro que a mulher portuguesa não suspirava com tanto fervor.A mulher portuguesa, pela sua generosidade latente, tem e terá sempre a necessidade de acreditar no bom malandro.
Os Camarinhas ficam para as camones! Essas sim, ainda apreciam o vagar das coisas cá pelo burgo.
E agora um Viva especial para o Jacinto, que se cagou (não tenho outra forma de me exprimir) para Paris de França e cá por Tornes procriou, deliciado em cabidelas, arroz doce e vinho das Beiras!
Obrigada Chefe pela bela prosa.
AS
PINÇAMÊTOS PROFUND...ÍÇIMOS

Pior que uma pedra no sapato...
…só um grão de areia no preservativo…
A.F.
O crime na internet

Por Antunes Ferreira
Não duas sem três, dizia-se. Agora, sem margem para dúvidas, não há dias sem muitos. Leia-se: actos criminosos. Aqui há umas semanas rabisquei aqui uma «coisa» em que dizia, mais ou menos, «vou ali assaltar o banco e volto num instante». Agora, no mínimo, terei de utilizar muitos plurais. Demasiados, infelizmente.

Por estes conturbados tempos, aqui em Portugal, há de tudo: para além dos já calinos assaltos a bancos e outros alvos, rouba-se, a dinamite em plena auto-estrada, mata-se quem quer que seja, sobretudo porque o infeliz tentou negar-se a entregar a carteira, o cartão de crédito, e muito mais. Como o nosso Povo comenta, mata-se, esfola-se, viola-se, vigariza-se e rouba-se.

Estamos feitos. Estaremos? Tudo aponta para isso. Os «brandos costumes» característicos dos Portugueses estão, como estavam os dinossauros, em vias de extinção. E as imensas quantidades de armas que «andam por aí» ajudam e participam. E entram, ao contrário dos testículos.

A violência, como tudo o resto, não é um exclusivo made in Portugal. Estende-se pelo Mundo inteiro, tem tentáculos aos milhões, pobre do polvo nas suas limitações. Mas, como dizia o Jacintinho de Tormes, tudo chega atrasado a Portugal, Zé Fernandes. Ou algo assim. Em «A Cidade e as Serras», o Eça botou lá tudo. Lixado, o Queiroz. Não me refiro ao seleccionador nacional, claro.

Realmente do seu Paris natal até ao seu País de origem, as coisas demoravam o seu tempo a chegar. Ainda que viessem de comboio – vinham au ralenti. Logo na Estação de Tormes, quando se voltou para trás, já a caminho da quinta, e viu o zeloso chefe inclinado no cesto do lixo, a apanhar avidamente as revistas de mulheres nuas que trouxera da Cidade-Luz, ele acentuara a ideia mater.

Até as modas. As de senhora e as do procedimento. Diabo. Entrámos, portanto, no crime violento – atrasados. Sorte malvada. E não se diga que tal acontece por sermos… um País periférico. A União (???) Europeia, ainda e só considera a (des)qualificação para a Madeira e para os Açores. Nada disso. Progredimos à nossa velocidade de cruzeiro, mas progredimos. Devagarinho? Não nos podemos cansar muito. O clima-que-temos é quem paga as culpas.

Quando escrevo estas linhas, acabei de ler, no CM, que «são jovens, moram nos subúrbios das grandes cidades e apelam ao crime de forma directa. Ostentam armas, objectos roubados e desafiam a polícia. Estão espalhados na internet, não escondem o rosto e definem-se como bandidos». Ou seja, as novíssimas tecnologias aplicadas ao crime. Estamos bem. Estamos na onda. Somos bué da fixes, actualizados. Progredimos.

O combate a e, sobretudo a prevenção destes procedimentos, vai ser duro, complexo e dificílimo. Vencê-lo-emos? Seria bom que, no mínimo, o limitássemos e o fossemos atenuando. Singular convergência: PR, Governo, Oposição e PGR estão em consonância. Ainda bem. Neste particular, não há lugar para os famigerados «brandos costumes».
Também, e como habitualmente, publicado no http://www.travessadoferreira.blogspot.com/, no cariricult.blogspot.com e no http://www.sorumbatico.blogspot.com/

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Horas no Éden

"(...)
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
(...)"

José Régio - Cântico Negro